Na história da humanidade, há figuras que se destacam não apenas pelo brilho de suas virtudes, mas também pela densidade de suas jornadas.

Este é o caso de Aurélio Agostinho de Hipona, cuja vida ecoa como um épico de redenção em meio às sombras da perdição.

Agostinho cresceu imerso nas dualidades da existência. Sua juventude em Cartago foi marcada por excessos e tentações, como ele próprio confessou em suas obras, onde a luxúria e a busca desenfreada pelo prazer permeavam seus dias.

Agostinho navegou pelos mares tumultuosos da juventude em busca de um porto seguro para sua alma inquieta.

Hoje, o legado de Santo Agostinho ecoa além das paredes do tempo, permeando o pensamento teológico e filosófico com sua sabedoria e introspecção, como um dos maiores pensadores cristãos da história.

Já o seu exemplo de redenção ressoa em corações sedentos por esperança, lembrando-nos que, a luz da fé permanece como uma luz guia para todos os que buscam a verdade e a graça divina em meio às sombras da vida terrena.

Nascimento: 13 de novembro de 354 – Tagaste (atual Argélia)

Morte: 28 de agosto de 430 – Hipona, Annaba, Argélia

Dia: 28/08

Origem:

Aurélio Agostinho de Hipona era filho de Santa Mônica, uma devota católica, porém seu pai era pagão.

Pelo fim do ano 370, Santo Agostinho, com a ajuda de um amigo romano, deixa Tagaste e vai para Cartago, com o objetivo de continuar os seus estudos.

Perdição:

Sobre a vida em Cartago, ele chegou a escrever o seguinte em seu livro Confissões: “Eu me esbanjava e ardia nas minhas fornicações”.

Também é atribuida a ele a frase: “Senhor, livrai-me das tentações, mas não hoje”.

Ele teve um filho chamado Adeodato com uma mulher (o nome dela se perdeu na história) com quem viveu por 13 anos sem se casar.

Agostinho abandonou essa mulher por um casamento que não aconteceu, mas arrumou uma amante.

Sobre isso ele disse:

  • “[…] menos afeito ao casamento que escravo da paixão, eu fui ao encontro de outra mulher; não era, certamente, para me casar, mas para alimentar a doença da minha alma e fazê-la perdurar, sob o olhar atento do hábito, e isso até a chegada da esposa”

Acabou indo para o maniqueísmo que era uma religião que afirmava que a alma era boa, mas o corpo é mal. Na verdade, ela era uma heresia que misturava de todas as religiões existentes.

Redenção:

Aos 33 anos, Santo Agostinho teve um encontro com um bispo maniqueísta. Ele tinha muitas perguntas, mas se decepcionou com as respostas.

Assim, ele acabou se aproximando do Cristianismo, graças à influência de amigos e aos discursos de Santo Ambrósio.

Santo Agostinho contou que, certa vez, em um momento de angustia, ele ouviu a voz de um menino que disse: “PEGUE E LEIA!”

Ele pegou os escritos de São Paulo e abriu em uma passagem qualquer.

Apareceu para ele o seguinte trecho:

  • Com­por­temo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias, nada de bebedeira; nada de desonestidades nem dissoluções; nada de contendas, nada de ciúmes.
    Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso da carne nem lhe satisfaçais aos apetites.
    Romanos 13, 13-14

Agostinho e o seu filho foram batizados e ele retornou a Tagaste, onde vendeu sua propriedade, doou seu dinheiro aos pobres e entrou num monastério.

Dizem que sua mãe, Santa Mônica nunca desistiu de rezar pela conversão de seu filho. Ela rezou por 33 anos!

Obras:

Ele também se tornou muito devoto e caridoso.

Chegou a ser Bispo de Hippona, cargo que manteve até o final da sua vida.

Ele é considerado por muitos o pensador cristão mais significativo depois de São Paulo.

Na parede de seu quarto ele tinha a seguinte frase escrita em letras grandes:

  • “Aqui não falamos mal de ninguém.”

Santo Agostinho trabalhou com a adaptação do pensamento filosófico clássico, principalmente de Platão, aos ensinamentos de Cristo.

Assim, ele conseguiu criar um entendimento mais descritivo da Palavra de Deus e ajudaram a lançar as bases para grande parte da forma de interpretação e de análise crítica da Bíblia, portanto, de todo o pensamento cristão medieval e moderno.

Das suas mais de 100 obras, as que são consideradas como mais importantes são:

  • Confissões (397-398): Sobre a sua vida antes de encontrar a Deus
  • A Cidade de Deus (c. 413-426): Escrito para restabelecer a fé dos cristãos que tinham sofrido nos saques dos visigodos em 410
  • Sobre a Trindade (c. 400-416): Onde ele fez uma espécie de “analogia psicológica” da Santíssima Trindade
  • Sobre o livre arbítrio (c. 387–389 e 391-395): Colocando porque Deus deu aos humanos o livre arbítrio que pode ser usado para o mal

Graças à esse sistema teológico que ele criou, Santo Agostinho é considerado um Doutor da Igreja.

Ida aos Céus:

Muitos se refugiaram em Hippo durante a invasão dos Vândalos.

O rei inimigo, Genseric, decidiu fazer um cerco na cidade para a sua invasão.

Logo no início do cerco, Santo Agostinho descobriu que tinha uma doença séria e, em três meses, ele se manteve em oração até a sua morte.

O cerco durou 18 meses. Os Vândalos destruíram quase tudo, exceto a catedral e a biblioteca que tinha Santo Agostinho como diretor.

Apesar de tudo o que ele construiu para a Igreja, talvez ele nunca tenha se perdoado 100% pelo tempo em que ele ficou sem olhar para Deus.

Uma vez ele disse:

  • “Tarde demais, eu te amei!”

Santo Agostinho é o santo padroeiro dos fabricantes de cerveja e da cerveja (uma referência a vida desregrada que viveu antes da conversão).

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