Antes de mais nada, um milagre não precisam necessariamente de comprovação científica. Muitas vezes, é simplesmente uma questão de fé.
Porém, no caso de um processo de canonização ou beatificação, a questão muda de figura e a comprovação científica é necessária para verificar a autenticidade de um milagre para evitar fraudes ou enganos.
A Igreja Católica possui um processo rigoroso de investigação de milagres que envolve a análise de evidências médicas, testemunhos e outros fatores para determinar se um evento é considerado sobrenatural e atribuído a uma intervenção divina. Essa investigação é feita por especialistas médicos e teólogos.
Vale lembrar que, como se trata de um candidato a beato ou santo, a Igreja também leva em conta outros fatores, como a coerência do relato com os ensinamentos da fé, a reputação do candidato e o impacto do milagre na vida das pessoas.
Como funciona?
Desde 1983, a Igreja Católica exige uma análise médica rigorosa dos milagres para descartar explicações científicas e naturais para o evento e garantir a veracidade dos milagres aprovados.
O Cânon 1403 do Código de Direito Canônico estabelece que para ser considerado um milagre é necessário que ocorra “por intercessão de um bem-aventurado ou de um santo, não por uma causa natural, mas por uma ação sobrenatural de Deus”. O Cânon 1737 exige ainda a Congregação para as Causas dos Santos investigue o milagre.
Além disso, a Congregação para as Causas dos Santos emitiu em 1983 um documento intitulado “Normae Servandae in Inquisitionibus Causarum” (Normas a serem observadas nas investigações das causas). Esse documento estabelece diretrizes específicas para a investigação de supostos milagres.
Uma dessas diretrizes exige que uma equipe médica documente o milagre e o submeta a uma análise rigorosa antes de considera-lo como válido.
Nesse processo, a Congregação para as Causas dos Santos nomeia um comitê de médicos especializados em diferentes áreas que irá conduzir as investigações .
Os médicos examinam todas as informações disponíveis sobre o caso, incluindo registros médicos, testemunhos de testemunhas oculares e descrições do evento em questão. Eles também podem realizar exames médicos adicionais, como ressonância magnética, tomografia computadorizada ou biópsia, para descartar qualquer causa natural para o suposto milagre.
Após a análise, Congregação para as Causas dos Santos recebe um relatório detalhado sobre as conclusões do comite médico. Se o relatório confirmar que não há explicação científica ou natural para o evento em questão, a Congregação pode considerar o suposto milagre como autêntico e válido para os fins do processo de canonização ou beatificação.
É importante ressaltar que a análise médica é apenas uma das etapas do processo de validação de um milagre pela Igreja Católica. Há também uma análise teológica, que avalia se o milagre está em conformidade com os ensinamentos da Igreja. Existe também uma análise jurídica, que verifica se o processo seguiu todos os procedimentos estabelecidos pela Igreja.
O único propósito é demonstrar para todos que Deus está no controle de tudo.
- “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito..”
Romanos 8, 28